Comissão Europeia quer evitar que desequilíbrios, como os que ocorrem na Grécia, ponham em risco a estabilidade de toda a zona da moeda única.
A Comissão Europeia vai amanhã lançar o muito esperado debate sobre a revisão dos mecanismos de coordenação económica e de vigilância orçamental, de modo a evitar que novos desequilíbrios ponham em risco a estabilidade da totalidade da zona.
Onze anos depois da introdução do euro, já ninguém põe em dúvida que o Pacto de Estabilidade e Crescimento se revelou insuficiente, por falta de meios, para assegurar a disciplina orçamental dos países-membros. Vários meses antes de o novo Governo grego anunciar, em Outubro, uma derrapagem do défice orçamental de seis para quase 13 por cento do PIB, o eurogrupo estava ao corrente da situação e não reagiu, como lembrou recentemente o actual ministro das Finanças, George Papaconstantinou. A tentação grega de mascarar as estatísticas oficiais sobre as contas públicas era igualmente conhecida.
A crise económica e financeira, e as dificuldades da Grécia, a braços com uma forte desconfiança dos mercados, lançaram este debate para o topo da agenda dos responsáveis europeus. Os ministros das Finanças da UE vão aliás dedicar a esta questão uma parte de uma reunião informal no próximo fim-de-semana, em Madrid. O debate corre no entanto o risco de ser explosivo devido às diferentes posições das capitais europeias, marcadas por um braço-de-ferro entre a França e a Alemanha. Berlim, que se rendeu muito recentemente à necessidade de um reforço da "governação económica" da zona euro pedido há anos por Paris, coloca a tónica na disciplina orçamental e na correcção dos défices públicos. Os alemães, apoiados pelos holandeses, defendem que os países do euro possam interferir de forma preventiva na definição dos orçamentos dos parceiros indisciplinados, de modo a permitir a correcção em tempo útil de eventuais desequilíbrios estruturais. Na mesma linha, Jean-Claude Juncker, presidente do eurogrupo, quer que problemas como a perda de competitividade ou os défices externos importantes - comuns a Portugal e à Grécia - sejam analisadas em detalhe pelos ministros das Finanças da zona euro. Ao invés, a França insiste sobretudo na necessidade de corrigir todos os desequilíbrios, a começar pelos excedentes comerciais de que a Alemanha é a grande campeã europeia. Christine Lagarde, ministra francesa das Finanças, defende que a Alemanha, cuja elevada competitividade externa assenta numa forte contenção salarial, poderia estimular a procura interna de modo a permitir aos outros países do euro escoar as suas exportações e, consequentemente, reduzir os respectivos défices comerciais.
2010-04-13 08:16
Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas, Público
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